Premiados

2º Metrô Festival do Cinema Universitário Brasileiro

MetrôLAB – Laboratório de Projetos de Curtas.

Menção Honrosa: Por colocar em cheque o Complexo de Épico do artista brasileiro, por propôr uma linguagem descontraída para um tabu e associar isso a uma performance totalmente condizente com o projeto damos menção honrosa a LÁ VEM A MORTE, de Kassio Pires (UEG/GO).

Prêmio Principal: Buscamos em nossa escolha o projeto que melhor reunisse potencial dramático e novidade estética demonstrados de forma contundente. Escolhemos aquele que se destacou pela personalidade e pelo modo como desdobra o tema em uma trama ambientada em um cenário inusual no audiovisual Brasileiro. Premiamos CARCAÇA, de Jessica Gonzatto (UNISINOS/RS), que transmitiu a atmosfera do filme de forma concisa e instigante em um curto espaço de tempo.

PRÊMIO DO JÚRI UNIVERSITÁRIO

Antes de anunciar algum prêmio precisamos fazer alguns agradecimentos, notas e menções:
De universitários para universitários, gostaríamos de agradecer aos curadores e, principalmente, aos realizadores dos filmes, a oportunidade de assistir e entrar em contato com realidades tão distintas, plurais e que resultam em produções tão inventivas e incríveis dentro de cada uma de suas peculiaridades. Salientamos o incrível trabalho de montagem sobre um prefeito tão amado numa cidade tão grande porém tão pequena: perfeita. Magalhães. Bem como, não podemos deixar de salientar o trabalho de direção de atores mirins e cachorros numa realidade distópica e sensível. A imensidão desse lugar.

Por fim, precisamos falar de uma honestidade. Honestidade, que se vê em muitos filmes da programação. Uma sinceridade que move a razão deles existirem. E aqui, a sinceridade de um simples presente de aniversário, ao som de um musica indie alternativa e sobre os risos de uma festa que dá tão errado. O fracasso de uma festa de 18 anos ressignificado através de uma montagem inventiva e de uma conversa nostálgica se transforma em um puro e simples filme sobre a relação afetiva entre amigos.

Portanto, o prêmio de “Melhor ressignificacão de material fracassado de festa” vai para COMO FILMAR CURTAS EM FESTAS, de Raffael Righez e Marianna Hofer Neris (UNISUL/SC)

JÚRI OFICIAL

O júri oficial, composto por Bruna Machado, Gustavo Ulisse e Pedro Faissol, concedeu a três filmes o “Troféu Passagem”:

1.
Um filme sobre o autoconhecimento através do alargamento dos sentidos. Prestes a perder a visão, e sob os cuidados de uma mãe super protetora, a adolescente Cecília precisa conquistar a desejada privacidade – garantida pela guarda das chaves de seu quarto – para poder dar início ao seu íntimo processo de reorganização dos sentidos: à medida que a visão gradualmente se esvai, a sensibilidade ao toque e aos estímulos auditivos se torna mais desenvolvida. Esse aguçamento sensitivo é deflagrado pela diretora Thaís Orchi Abdala através da fragmentação dos corpos e da atenção aos detalhes, em um uso do enquadramento que faz lembrar o cinema de Eugène Green. No desfecho do curta, será justamente pela audição seletiva – em uma tomada de posição pelo alheamento aos apelos de sua mãe – que Cecília poderá expandir as fronteiras de seu quarto e explorar plenamente a sua sexualidade.

Pela delicadeza no tratamento do tema, pelo comprometimento ético com as personagens e pela inteligência na arte de decupar, premiamos o curta-metragem NEBLINA, da diretora Thaís Orchi Abdala (FAAP/SP)

2.
O filme nos coloca diante de um universo pouco representado na ficção cinematográfica – a venda de fogos de artifício -, para nos apresentar não apenas boas atuações – guiadas ora pelo excesso de diálogos cômicos, ora pela sua ausência preenchida por expressões faciais certeiras -, mas um diálogo atual e bem humorado entre o cinema e a literatura fantástica brasileira. Diretamente das vísceras-salsichas de um cão, Leonardo Branco arranca um filme que não tem medo de flertar com o ridículo em seu argumento imprevisível.

Pelos fragmentos do fantástico, do inusitado, que implodem no cotidiano, que implodem o cotidiano, deslocando uma trama a priori, ou aparentemente banal, premiamos SUPER ESTRELA PRATEADA, do diretor Leonardo Branco (UNA/MG).

3.
Por construir o audiovisual a partir das suas camadas mais primitivas, explorando a potência das cores, das texturas e do ritmo com que as imagens infiltram, ou se chocam, no olhar do espectador. Pela incorporação de soluções e linguagens tão distintas como são os cinemas de vanguarda, a cultura pop e o videogame, sem com isso perder a unidade e a clareza de seu propósito. Por conceber a brincadeira farsesca e honestamente fantasiosa como uma solução sóbria no testemunho da realidade social e política, tão desafiadora de ser reproduzida.

Enfim, pelos motivos citados e pelo resultado original que deles decorreu, o prêmio de “Melhor Filme Péssimo” vai para TSUNAMI GUANABARA, dirigido por Lyna Lurex e Cleyton Xavier (UFF/RJ).