Mensagem na garrafa – palavras da curadoria
A função do curador é não ficar no meio do caminho dos filmes. Ao mesmo tempo, não dormir no ponto. Embora o Metrô não se proponha a ser exclusivamente um festival de panorama, que faz um afresco à Paolo Veronese do cinema universitário brasileiro, é natural o desejo de querer mostrar um pouquinho de cada coisa do que está rolando por aí. Sabendo ser impossível tal tarefa, a tentação pela abrangência é substituída pela saudável subserviência aos filmes. Das mil possibilidades que se abrem, a curadoria, com a certeza do náufrago, decide que tal lado é o norte, baseado em uma mistura de convicção, conhecimento (astronômico, “ei, ali é o Cruzeiro do Sul, deixa comigo”) e delírio (“ih, nem era o Cruzeiro do Sul”). Alguma ilha há de se achar. A ilha, aliás, como terra fértil, de fauna e flora interdependente, com ecossistema próprio, serve como boa analogia: o conjunto de filmes em cada edição do festival forma um amplo pedaço de terra habitável, cheio de vida, único e isolado dos outros pedaços de terra possíveis.
No oceano de escolhas que os 614 curtas enviados para a seleção nos permitem, enxergamos, entre várias outras coisas, uma vontade por parte de realizadores em fazer do cinema uma espécie de catalisador das imagens mil que compõem a paisagem do mundo. O que surge dessa colagem é uma “outra imagem”, que ainda não sabemos do que se trata. Os filmes, juntos, programados de certa maneira, é quem vão ajudar a responder (a mesa “A Outra Imagem”, programada para o dia 23/11, irá dar uma forcinha). Há, também, claro, espaço para outras inquietações e expressões, que encontraram espaço na programação pela beleza da invenção, pela franqueza, pela desconcertante abordagem frontal aos temas que agitam corações e mentes nos dias de hoje, tendo sempre o cinema como meta, não só como meio. E o que nós chamamos de cinema pode não ser entendido como tal pelo outro. Sem problemas, um festival e uma curadoria devem ser sempre confrontados, sob o risco de se tornarem só uma ilha deserta.
Christopher Faust, Evandro Scorsin e Wellington Sari.
MOSTRA COMPETITIVA
Amigo Especial (Niterói/RJ), de Cleyton Xavier | 2016 | 2’ | UFF/Cinema
Carne Infinita (Rio de Janeiro/RJ), de Isadora Cavalcanti | 2018 | 14’ | AIC/Cinema
Como Filmar Curtas em Festas (Florianópolis/SC), de Raffael Righez e Marianna Hofer Neris | 2017 | 7’ | Unisul/Cinema
Copiloto (Curitiba/PR), de Andrei Bueno Carvalho | 2017 | 17’ | Unespar/Cinema
Doklin (Goiânia/GO), de Luciano Evangelista | 2018 | 14’ | UEG/Cinema e Audiovisual
Fataurex (Fortaleza/CE), de Cleyton Xavier | 2017 | 8’ | UFF/Cinema
Filmaurex (Niterói/RJ), de Mauro Monteiro | 2017 | 5’ | UFF/Cinema
A Imensidão Desse Lugar (Curitiba/PR), de Diones William | 2017 | 17’ | Unespar/Cinema
Just Do It (Salvador/BA), de Indica Filmes | 2017 | 6’ | FTC/Cinema
Magalhães (Campinas/SP), de Lucas Lazarini | 2017 | 23’ | Unicamp/Midialogia
Neblina (São Paulo/SP), de Thaís Orchi Abdala | 2017 | 15’ | FAAP/Cinema
Ontologia da Corda Preta (Belo Horizonte/MG), de Daniel Ferreira, Davi Fuzari e Jéssica Marroques | 2017 | 16’ | UNA/Cinema
Próxima Parada: Suíça (Vitória da Conquista/BA), de Kauan Oliveira | 2017 | 10’ | UESB/Cinema
Rolê no Centro (Pindamonhangaba/SP), de Clara Chroma | 2018 | 14’ | UFF/Cinema
Simbiótica (Fortaleza/CE), de Gabriel Marques e Letícia Medina | 2017 | 11’ | UFC/Cinema
Sonoterapia (Aratuba/CE), de Tainá Magalhães Rocha | 2017 | 5’ | UNIFOR/Cinema
Super Estrela Prateada (Belo Horizonte/MG), de Leonardo Branco | 2018 | 28’ | UNA/Cinema
Tellus (Curitiba/PR), de Anna Petracca e Rayman Virmond | 2018 | 14’ | Unespar/Cinema
A Triste Figura (Salvador/BA), de Calebe Lopes | 2018 | 18’ | UFBA/Cinema
Tsunami Guanabara (Niterói/RJ e Fortaleza/CE), de Lyna Lurex e Cleyton Xavier | 2018 | 27’ | UFF/Cinema
Tudo Bom? (Niterói/RJ), de Cleyton Xavier | 2016 | 1’ | UFF/Cinema
Virginia (Pelotas/RS), de Analu Favretto | 2017 | 19’ | UFPEL/Cinema
Zornit (Recife/PE), de Marcello Trigo | 2017 | 23’ | AESO/Cinema
MOSTRA PANORAMA
Adrenalina (Juiz de Fora/MG), de Heron Alves | 2018 | 3’ | UFJF/Cinema
A Olho Nu (Pelotas/RS), de Bruno Iligo | 2018 | 3’ | UFPEL/Cinema de Animação
Astro Negro (Londrina/PR), de Gustavo Nakao | 2018 | 15’ | UEL/Jornalismo
Buba (Rio de Janeiro/RJ), de Nini Cartaxo | 2018 | 12’ | AIC/Cinema
Caburé (Foz do Iguaçu/PR), de Luiz Todeschini | 2017 | 19’ | UNILA/Cinema
A Casa de Ana (Rio de Janeiro/RJ), de Clara Ferrer e Marcella De Finis | 2017 | 20’ | UFF/Cinema
A Casa Morta de Meus Avós (Lapa/PR), de Leandro Cordeiro | 2017 | 6’ | Unisul/Cinema
Cayo (Curitiba/PR), de Murillo Marchesi | 2017 | 11’ | Unespar/Cinema
Comissão de Obra Terrorista e a Mulher Selvagem Combatem o Fascismo à Espreita (Rio de Janeiro/RJ), de Bia Praça | 2017 | 4’ | UFF/Cinema
Conselheiro Crispiniano (Guarulhos/SP), de Yudji Oliveira | 2016 | 19’ | Anhembi Morumbi/Cinema
Contravenção (São Paulo/SP), de Glaucia Tiemi, Klaus Oti, Laura Barzotto e Lucas Pecoraro | 2017 | 16’ | ECA-USP/Audiovisual
Ferida (Niterói/RJ), de Rodrigo Leme | 2017 | 25’ | UFF/Cinema
O Filme Morto (São Paulo/SP), de Marina Murad | 2018 | 25’ | FAAP/Cinema
Foggy (Curitiba/PR), de Bianca Ono e Fred Hiro | 2018 | 17’ | Unespar/Cinema
Frame Fatal (Goiânia/GO), de Thiago Rabelo | 2017 | 21’ | UEG/Cinema
in/solúvel (Lapa/PR), de Julia Favaro | 2017 | 8’ | PUCPR/Jornalismo
Kris Bronze (Goiânia/GO), de Larry Machado | 2017 | 23’ | UEG/Cinema
Materializações Luminosas (Santa Maria de Jetibá/ES), de Victor Neves | 2017 | 17’ | UFES/Cinema
Megg – A Margem que Migra para o Centro (Curitiba/PR), de Larissa Nepomuceno e Eduardo Sanches | 2017 | 15’ | Centro Europeu/Cinema
Palmyra: the invented city (Campinas/SP), de Cauê Nunes | 2018 | 10’ | Unicamp/Ciências Sociais
Primavera (Porto Alegre/RS), de Caroline Abegg Karnas e Mariah Philippe | 2017 | 12’ | PUCRS/Cinema
Primavera de Fernanda (Curitiba/PR), de Débora Zanatta e Estevan de la Fuente | 2018 | 19’ | Unespar/Cinema
Ricochete (Cachoeira/BA), de Maria Clara Arbex | 2018 | 8’ | UFRB/Cinema
Rota Borboleta (Fortaleza/CE), de Ana Paula Vieira | 2017 | 11’ | UFC/Cinema
Sam (Rio de Janeiro/RJ), de Julia Souza e Miguel Moura | 2017 | 8’ | Senai Cetiqt/Design
Sinapse da Ansiedade (Rio de Janeiro/RJ), de Rafaela Vernin | 2018 | 2’ | UVA/Design Gráfico
Sinucada (Brasília/DF), de Rafael Stadniki | 2018 | 16’ | UNB/Comunicação Social
Sogrão (Rio de Janeiro/RJ), de Pedro Dias Lemos | 2017 | 6’ | UFRJ/Rádio e Tv
Sombras da Guerra (Curitiba/PR), de Carlos Hachmann | 2018 | 5’ | Unicuritiba/Design de Animação
Um Guia Para a Amargura (Curitiba/PR), de Thiago Bührer | 2017 | 10’ | Unespar/Cinema
Um Jardim Singular (Rio de Janeiro/RJ), de Mônica Klemz | 2017 | 15’ | UNESA/Cinema
Um Lugar ao Sul (Pelotas/RS), de Gianluca Cozza | 2018 | 12’ | UFPEL/Cinema
Um Traço Teu (Rio de Janeiro/RJ), de Dani Nigri | 2018 | 16’ | Darcy Ribeiro/Cinema
Universos (São Paulo/SP), de Henrique Antonio | 2017 | 20’ | ETEC JRM/Técnico em Produção de Áudio e Vídeo
X-Tudo (Curitiba/PR), de Pedro Vilo, Gabriel Borges, Rodrigo Tomita, André F. Diniz, Maria Gabriela Goulart e Gabriela Ferreira | 2018 | 5’ | Unespar/Cinema
VAGÃO DUPLO
200 Minutos (de algo que não senti) (Curitiba/PR), de Pedro Ribeiro | 2017 | 82’| Unespar/Cinema
Estrangeiro (João Pessoa/PB), de Edson Lemos Akatoy | 2018 | 120’ | UFPB/Cinema
Fale com Estranhos (Curitiba/PR), de Pedro Monte Kling | 2018 | 45’ | Unespar/Cinema