Premiação 2022
Os curtas da Mostra Principal foram avaliados por dois grupos de jurados [veja aqui].
O primeiro foi o Júri Oficial, que este ano foi composto por nomes relevantes no ensino e na realização audiovisual no Paraná. Compuseram o Júri do Festival este ano Arícia Machado, Rodolfo Stancki, Bruno Araújo e Sissi Valente. O outro grupo foi o do Júri Universitário, formado por estudantes de curso superior que participaram da Oficina A Imagem Virtual e foram escolhidos por um simpático processo seletivo. Compuseram este júri: Beatriz Oliveira Damascena; Giuliano Maccio; Lucas Gomes da Silveira; Luis Felipe Ribeiro Gonçalves e Noah Mancini.
O Júri Oficial foi responsável por presentear três curtas com o Troféu desta edição, enquanto ao Júri Universitário coube entregar o troféu a um filme. Não houve categorização para as premiações, os jurados eram livres para eleger os curtas que quisessem, pelos motivos que desejassem.
Já o MetrôLAB [veja aqui] é o tradicional laboratório de desenvolvimento de projetos de curta-metragem do festival, cujos projetos contam com consultorias nas áreas de roteiro e direção audiovisual e concorrem à premiação de Melhor Projeto da Edição, concedida pela banca de profissionais da área audiovisual que avalia os materiais de inscrição e a apresentação final dos projetos. A banca de 2022 foi composta por Amanda Soprani, Tomás von der Osten e Bella Souza.
Premiação – Júri oficial
A passagem dos filmes por nossas vidas pode ser marcante, intensa, súbita, inesperada, ou estranhamente prazerosa. Alguns minutos na tela são capazes de evocar memórias de infância, sentimentos de dor ou afeto, lembranças do que nunca foi ou do que ainda pode ser. Para nós, o cinema universitário guarda o frescor da descoberta, da possibilidade, do inacabado que se transforma pelas experiências processuais, pelas dificuldades orçamentárias, pela vontade de fazer, mais do que de ser.
Se o cinema universitário deve ser um espaço de invenção, experimentação e risco, entendemos que é preciso reconhecer um dos trabalhos em que isso mais apareceu na tela. Dos critérios que estabelecemos como corpo de júri, na defesa de filmes que sejam cheios de energia, poéticos e estranhos, vale uma menção honrosa para Laika, Tito e o Universo, de Victor Pereira Brites. Evidencia-se ali a inovação, a obsessão e uma recusa de aceitar os limites tipicamente impostos pela ideia de um filme estudantil.
Em Terminal, de Giulia Maria Roberta e Lucas Zapotoczny, a vontade de fazer se alimenta do medo do desconhecido e se transforma em uma intensa fuga que acaba por nos levar sempre adiante, mesmo sem direção certa. Medo do futuro? Excesso de expectativas? Ausência ou expansão de limites? O movimento contínuo, o leve tremor da câmera, o desespero no olhar e a perseguição imaginária fundem-se em um universo diegético agitado, embaralhado, imerso pelo som dos fones de ouvido e que insere o espectador em um mundo particular, dentro do mundo diegético.
Após a corrida, uma pausa, um respiro. Iluminados pelas Velas do Monte Castelo, de Lanna Carvalho, somos cuidadosamente convidados ao cotidiano de uma família, conhecendo, sob um olhar afetuoso, personagens cujo carisma nos envolve. Sob a luz de velas, permanecemos inertes, contemplando a ausência do mundo e a presença potente do instante, expresso por cada rosto, cada gesto. Aqui a linguagem da imagem em movimento é coisa que as regras do português não dão conta e é o pronome ”nós” que nos abraça sem pretensão alguma. Difícil não querer voltar para as próximas sessões após o encerramento da primeira com esta última experiência.
Da penumbra, a tela se ilumina com a cor Azul Piscina, em que Pedro Fagim explora o desejo de um personagem por uma ideia. No filme, a calcinha materializa o sexual, o íntimo, o desejo incontido, livre de cor e de gênero. Estranhamente romântica e romanticamente subversiva, a obra se utiliza do grotesco como político, ironizando a hipocrisia dos desejos heteronormativos de parte da sociedade brasileira. O cheiro, o gosto e o toque são elementos sensoriais utilizados para sintetizar uma ânsia por afeto e prazer indefinidos, sem rótulos, amarras ou padrões.
Troféu Passagem Cinema Correndo
Terminal (Giulia Maria Roberta e Lucas Zapotoczny)
Troféu Passagem Poética
As Velas do Monte Castelo (Lanna Carvalho)
Troféu Passagem de Estranheza
Azul Piscina (Pedro Fagim)
Menção Honrosa: Laika, Tito e o Universo (Victor Pereira Brites)
Premiação – Júri universitário
Prêmio Cosmotransporte
Entre a investigação e a despretensão, Praia dos Tempos, de Luan Santos traz uma narrativa onírica de relações sensíveis, corporeidade atravessada pelo afeto, no contato consigo mesma e com o mundo. Leve, descontraidamente contemporâneo, vive o momento presente, em sereno e consciente estado de passagem.
Além disso, o filme explora a forma fílmica de maneira poética, através de enquadramentos poderosos, que transparecem o discurso da obra. Isso também se dá na sensível montagem.
Menções Honrosas:
Os filmes escolhidos refletem a possibilidade de ser. Suas formas e redefinições nos instigam a questionar: O que pode um filme universitário? Quais caminhos trilham?
Filmes que mostraram suas particularidades na maneira que foram produzidos e que nos ampliam o olhar a respeito do que pode ser criado e que criaremos no amplo espaço universitário. Giacobits Chikenitos, de olemasi e Laika, Tito e o Universo, de Victor Pereira Brites.
Premiação - MetrôLAB
“2022. Haja força para superar o mundo!” Partindo dessa premissa, por propor a retomada do esperançar e do sonhar como ferramenta para transformar imaginários, o prêmio de melhor projeto da edição vai para “Camilly quer ser cantora de ópera” de Camila C. Bastos.
Pela simplicidade e força da narrativa e pela capacidade de viabilidade dedicamos uma menção honrosa para “Geraldo” de Fábio Alvino Nascimento dos Santos.