Corpos em Fronteira: A Jornada de Nico Luna, por Patrícia Ressurreição

No curta-metragem dirigido e protagonizado por Nico Luna, a narrativa foca nas experiências de um corpo estrangeiro, explorando seus desejos e deslocamentos. O filme mistura ficção e realidade para abordar a movimentação desse corpo e seus encontros com o novo. A utilização de espanhol e portunhol enfatiza a transição entre fronteiras literais e simbólicas.

As cenas desafiam convenções ao usar formatos experimentais e edição provocativa. A nudez, central no filme, reflete sobre o olhar fetichista e a frustração de ser visto apenas como objeto de desejo. O curta também trata da vivência com HIV e como a sociedade marginaliza esse corpo. A repetição de cenas do cotidiano de Nico reforça o tema das fronteiras físicas e simbólicas.

O filme não se encaixa facilmente em categorias tradicionais como performance, documentário ou vídeo experimental. A fusão de registros documentais com cenas performáticas cria uma mistura única. Nico explora temas como solidão, angústia e o desafio de viver em culturas diferentes, questionando como seu corpo é percebido e julgado.

Nico se apresenta como protagonista de sua própria história, não como vítima. Ele questiona como o mundo lida com as diferenças e expõe várias formas de existência. A cena em que mostra seu ânus e pênis busca normalizar o corpo, destacando a humanidade comum a todos. A cena que dialoga em português sobre experiências sexuais com pessoas de fora também reflete essa busca por normalização e compreensão.

O filme questiona as barreiras sociais e convida o espectador a refletir sobre o significado de habitar um corpo HIV positivo e estrangeiro. Ele sugere que, mesmo conhecendo pessoas com HIV, nunca compreenderemos completamente a solidão e o isolamento que essas pessoas enfrentam, tanto no aspecto amoroso quanto no físico. A coragem de Nico em expor sua intimidade nas telas proporciona uma conexão profunda e uma reflexão sobre a experiência humana.

Autor

  • Patricia Silva da Ressurreição

    Olá, meu nome artístico é Patricia Ressureição sou natural de Maringá, tenho 32 anos e moro em Curitiba desde os 6 anos, Divertida, simpática. Iniciei minha carreira estudando Técnico em Teatro no Colégio Estadual do Paraná (formada em 2015). Ingressei no Curso Superior de Tecnologia em Produção Cênica na Universidade Federal do Paraná (formada em2020) enquanto fazia de Dança Contemporânea pelo Dancep e durante 2 anos foi aluna da Téssera Cia de Dança Moderna da UFPR. Estudante de Fotografia pela escola Portfolio e contemplada com Mensão Honrosa em Barcelona. Pós Graduada em MBA em Dança, Gestão, Produção Cultural, Apresentadora e Diretora de Produção do Programa Soul Black Web contemplada pela Aldir Black (2020), Atriz na Cia de Teatro UFPR, atua na área da Publicidade como Atriz. Mestranda em Cinema e Artes do Vídeo no PPG-CINEAV, bolsista da Capes 2024/25, grupo de pesquisa Cinecriare.

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